quinta-feira, julho 10, 2008


Hole rolou uma PUTA saudade.

A Globo exibiu um programa especial sobre os Mamonas Assassinas. Nada de muito diferente do que sempre fazem, de falar da trajetória deles e de como tudo foi tão rápido. De novo, dessa vez, apenas as declarações do Rick Bonadio, produtor deles, do Eduardo Bueno, que os biografou e do Rafael Baba Cósmica e do seu pai, que na época era diretor da EMI (se não me engano) e não gostou da fita deles. Só foram fazer sucesso porque o Rafael, retardado desde pequeno, ouviu e gostou.

Não vou me alongar sobre o programa.
Mas comecei a relembrar de várias coisas à medida que as cenas iam passando.

Lembro bem da primeira vez que vi o cd pra vender. Foi numa loja no shopping aqui da Ilha, a música ainda não estava estourada nas rádios. Peguei a capa, olhei, mostrei pro meu pai e falei "que ridículo!". Dias depois estava eu cantando "Vira, Vira"...

Isso foi em 1995. Um ano conturbado pra mim.
Fiquei viciado na banda, como 90% do Brasil, mas meu pai não me deixava comprar o cd. Dizia que era uma coisa passageira e de baixo nível... que em pouco tempo eu não gostaria mais e ele gastaria dinheiro a toa. Fiquei meses pedindo a porra do cd e nada.
Aí meu pai teve um enfarto. Eu entrei em pânico. Quem me conhece sabe que, apesar das discussões gigantescas, a ligação com meu pai é enorme. E naquela época eu ainda não tinha essas discussões... então dá pra imaginar o estado que fiquei.
Minha irmã tinha pouco mais de 1 ano e mesmo não entendendo direito as coisas, a gente teve um cuidado grande com ela.

Meu pai ficou mais de uma semana internado. Num dos dias que fui visitá-lo, ele estava querendo ver um jogo do Botafogo e o enfermeiro não deixou, dizendo que futebol é emoção forte demais pra quem tinha tido um problema cardíaco. No final do ano eu estava chorando pelo título brasileiro conquistado pelo Glorioso.
Nesse mesmo dia, quando eu estava indo embora da clínica, ele virou e falou "pode comprar o cd dos Mamonas". Saí de lá e fui direto com minha mãe comprar.

Ouvia todos os dias. Sempre que apareciam na tv eu assistia. Morria de rir com aquele bando de retardado. Chegaram a fazer um show aqui na Ilha, no estádio da Portuguesa, mas meu pai não me deixou ir pelo tumulto. E realmente foi um inferno.

Aí, meses depois, acordo num domingo com minha mãe falando "os mamonas morreram".
Na hora tive a mesma reação do ano anterior, quando acordei e vi o carro do Senna todo fudido no muro, e o Galvão com voz de enterro. Fiquei estático, sem pensar em nada. Nada mesmo.
Mas depois mudou. Eu não gostava do Senna. Sou fã do Piquet (não que eu tenha ficado feliz com o empacotamento precoce dele). Dos Mamonas eu gostava. Pra caralho!
Fiquei triste... mas acho que a ficha só foi cair mesmo no dia seguinte, na escola, quando vi todo mundo mal. Não tinha uma pessoa sequer rindo no dia.
Ninguém prestou atenção direito nas aulas. E nem os proessores fizeram questão de nos cobrar tanto. O recreio foi a coisa mais depressiva da história. Isso num colégio que sempre tinha alguma merda no recreio...

Ídolos morrem. São gente também. Mas com eles foi diferente.
Até hoje quando vejo algo relacionado a eles na televisão, tenho uma sensação estranha. É uma mistura de achar que a morte deles não aconteceu... e achar que eles nem existiram de verdade, tamanho era o deboxe, o sarcasmo e a sacanagem nas suas letras.

Eles eram o que todo muleque de 14 anos queria ser. E não tinha coragem pra ser.

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postado por Rodrigo às 9:26 PM |


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